Monday, January 29, 2007

A MULHER NO DESPORTO


Desde que estou ligado ao fenómeno desportivo, como massagista, sempre estive umbilicalmente ligado ao desporto no feminino.
Curiosamente, a minha primeira equipa foi a Associação dos Trabalhadores da Câmara Municipal de Tondela – Secção de Andebol (hoje Tondela Andebol Clube), entrou em competição com duas equipas: Uma equipa masculina de iniciados e outra de Juvenis femininos.
Logo aí, tive o meu primeiro contacto com uma equipa feminina. Não foi o meu primeiro contacto com mulheres desportistas. Ao longo dos anos em que fui voluntário na Cruz Vermelha Portuguesa, dei apoio em ambulâncias medicalizadas e para-medicalizadas, a provas de atletismo e a outras provas onde participavam equipas femininas.
A mulher não é só um ser humano do sexo feminino. Tem especificidades únicas. Deve ser analisada como um ser complexo nas suas componentes bio-fisico-psico-socio-culturais e não como um atleta fisicamente mais débil que o homem.
Nas mulheres que praticam desportos, nota-se uma dedicação muito superior aos homens. Muitas delas lutam contra os absurdos preconceitos da sociedade machista que continua a entender que alguns desportos estão limitados ao sexo masculino. Infelizmente, cheguei a ouvir alguns “machos latinos” a dizer que só iam aos jogos para apreciar os atributos físicos das atletas, já que elas nem sabiam o que era uma bola.
Quando fui massagista da equipa do Escola Futebol Clube de Molelinhos (presente na 1ª divisão Nacional de Futebol), ouvi vários comentários depreciativos em relação às minhas atletas (a que eu carinhosamente chamo de minhas meninas). Colaborei com o clube de forma graciosa, recusando convites remunerados de outros clubes. Fi-lo, na plena consciência de que estava a colaborar com um grupo de jovens que amavam o desporto (mais precisamente o futebol). Vi atletas a fazerem sacrifícios pessoais para poderem jogar. Dou como exemplo, uma atleta residente no concelho de Cinfães (a aproximadamente 100 Km de Molelinhos – Tondela) que para praticar o seu desporto de eleição, deslocava-se à sexta-feira de autocarro ao fim das aulas para Viseu, onde chegava cerca das 19h30m. Aí chegada, entrava para a carrinha do clube para treinar (ao frio, à chuva, ao vento, etc.) até cerca das 21h45m. Depois dirigia-se para Viseu, onde pernoitava em casa de uma colega, de sexta para sábado e de sábado para domingo, para no domingo de manhã, novamente na carrinha do clube deslocar-se para o jogo desse fim de semana (muitas vezes jogos no Porto, Bragança, Lisboa ou Setúbal). No final dos jogos (principalmente os jogos fora), regressava a casa, onde por vezes já chegava no dia seguinte, para mais uma semana de aulas. Durante esse fim de semana, privava a família, amigos e namorado (não se tinha), da sua agradável companhia SÓ para jogar futebol. E o que é que ela recebia? Nada (se excluir-mos a sandes e o sumo no final do jogo). A três quilómetros de distância viam-se jogadores de uma equipa da ex-1ª divisão distrital de futebol, a serem principescamente pagos, com direito a prémios de jogo e almoço colectivo no dia de jogo. Diferenças entre as duas equipas: Uma (o Escola Futebol Clube de Molelinhos - EFC) disputava e disputa o Campeonato Nacional de Futebol da 1ª Divisão, divulgando o nome da localidade, do concelho e do distrito, a nível Nacional. Outra, disputa um campeonato distrital, ajudando a divulgar o concelho no distrito (digo ajudando porque não é a única). Outra diferença é ao nível dos atletas. O distrito de Viseu, possui ao nível de futebol, ao longo da sua história, um punhado de atletas que já defenderam as cores das diferentes selecções nacionais de futebol. Lembro-me de nomes como Paulo Sousa, Leal e mais recentemente atletas juniores do Ac. Viseu.
No EFC, pontuam/pontuaram oito jogadoras chamadas aos trabalhos das selecções nacionais de futebol feminino, a saber: Neide, Cristiana, Chica Maia, Noémia, Ângela, Catarina Bernardes, Catarina Almeida (com esta não tive o prazer de trabalhar), Susana Marques e Tânia Almeida. Sete jogadoras internacionais e pouco ou nenhum reconhecimento local.
A mulher tem um espaço próprio no universo futebolístico nacional. No entanto, uma sociedade cada vez mais masculinizada, impede-as de usufruir deste bem. Recordo-me da minha passagem pelo EFC, onde uma promissora atleta abandonou a competição, porque o namorado não a gostava de ver a jogar futebol (!!!). Em que sociedade é que vivemos? E ainda há quem critique o regime talibam pela discriminação que fazem ao sexo feminino. Tenham, vergonha!
Um dos outros problemas da mulher no desporto, é o casamento e os filhos. A nós homens, nada nos impede de continuar a praticar desporto, depois do casamento e até no dia do nascimento dos nossos filhos. Quanto à mulher…
Orgulho-me de continuar amigo das atletas com quem privei. Nunca recusei um pedido de apoio em caso de lesões, muitas vezes com o sacrifício de horas de descanso e do convívio com a família. Por isso, não é de estranhar que estranhar que, todos os anos no Natal e no dia dos meus anos o meu telemóvel seja inundado de mensagens de boas festas e de parabéns.
Tudo o que posso fazer para o bem-estar dessas atletas e pela continuidade da sua actividade física, farei. Em primeiro lugar como homem que acredito no desporto no feminino mas, principalmente porque jamais recuso um pedido de ajuda de quem sou amigo.
A criação deste nosso blog, teve como objectivo primeiro a divulgação de um tema que me é querido: Desporto e Saúde. No entanto como todos sabeis saúde não é só a ausência de doenças, mas sim um completo bem-estar físico e psicológico. Este espaço estará sempre à disposição de todas vocês mulheres-desportistas para o esclarecimento de todas as dúvidas que o meu parco conhecimento possa esclarecer.
Ultimamente é com grande orgulho que vejo jovens mulheres a abraçarem a carreira da arbitragem, no distrito de Viseu. São entre outras a Rosa, a Olga Almeida e a Joana Rodrigues (Caiado). Estas jovens, acrescentam à inegável qualidade que têm (e o respeito dos e pelos jogadores) uma beleza diferente ao futebol. Parabéns à sua coragem (e beleza) pelo exemplo que são para os mais novos da nossa sociedade. Como cidadão, ex-praticante e massagista, só posso fazer uma respeitosamente uma vénia e dizer: Muito obrigado.
Para as dúvidas deixo aqui o meu email: jcmvale@gmail.com.

Friday, January 26, 2007

ACÇÃO DE FORMAÇÃO SOBRE NOÇÕES BÁSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS


No passado dia 23 de Janeiro, acedi ao honroso convite que me foi endereçado para dar uma pequena acção de formação (palestra) sobre Noções Básicas de Primeiros Socorros, à turma F, do 9º Ano da Escola EB 2,3 do Viso em Viseu.
Durante duas horas e meia, sem intervalo, por iniciativa dos próprios alunos, falei para uma plateia de 26 jovens (25 alunos e uma professora), de conceitos básicos de 1ºs Socorros. Notei interesse da parte de todos e vi nos seus olhos o entusiasmo por um assunto que em tempos idos foi disciplina do ensino secundário e hoje está arredia dos estabelecimentos de ensino. Devido ao pouco tempo de que dispunha tentei abordar de forma breve e sucinta os temas mais importantes como é o caso da Asfixia, Choque, Hemorragias e Envenenamentos.
Fiquei orgulhosamente honrado com o convite que me foi endereçado pela competente e simpatiquíssima Srª Profª Anabela que, infelizmente não pode assistir à formação, devido a outros afazeres da sua vida profissional. Ficou a promessa de voltar a repetir a experiência. Ficou também no ar a hipótese de dar uma formação aos funcionários e ao pessoal docente deste estabelecimento de ensino. Se for convidado para ministrar a formação direi: Presente.
Finalmente os votos de melhoras para a aluna a quem dei assistência antes da evacuação hospitalar e ainda um beijo à Margarida a minha “vitima” preferida.
Para todos os alunos da turma F do 9º ano da Escola EB 2,3 do Viso, os votos de um ano lectivo pleno de sucessos escolares e lembrem-se que estão a viver uma fase muito importante das vossas vidas. Serão vós os alicerces da nossa sociedade. São pessoas como o Tiago, o Amadeu, a Gisela e a Margarida que me fazem sentir orgulhoso de ser Português e de ter confiança no futuro.
A todos o meu eterno agradecimento.

João Carlos Vale

Wednesday, January 10, 2007

AS RELAÇÕES ENTRE O DEPARTAMENTO MÉDICO E OS ATLETAS

Cada vez que se fala em Departamento Médico, há quem leia nestas palavras, uma equipa organizada e profissional.
Organizada, talvez; profissional, não necessariamente. Como já frisei em anteriores escritos, o atleta deve ser tido como um todo, e não apenas como um ser biológico com os seus intrincados e complexos sistemas musculo-esqueléticos, nervoso, sanguíneo, respiratório, digestivo, etc.
O factor psicológico (motivação) poderá ser um factor potenciador ou inibidor do rendimento do atleta. Qual será o atleta que poderá render mais? Um atleta técnica e fisicamente fraco, mas motivado ou um atleta técnica e fisicamente forte mas desmotivado. Nesta área é também de vital importância o papel do Departamento Médico, muitos (senão todas) as vezes eme estreita colaboração com a equipa técnica.
Após a recuperação física de uma qualquer lesão, existe o receio natural na utilização da zona lesionada. Solucionado o problema físico é tempo de debelar as “crises” psicológicas inibidoras de um retomar da actividade normal.
Mas não é só após a recuperação que intervêm os factores psicológicos. Também após o surgimento da lesão este factor é primordial. Tem de haver uma completa empatia entre o Departamento Médico e o atleta. O Departamento Médico deve saber escutar atentamente as queixas e receios do atleta para lhe poder indicar e ministrar o melhor e mais completa das soluções para o seu caso.
O atleta deve confiar no Departamento Médico, não lhe omitindo nada e cumprindo à risca as indicações recebidas, para o seu cabal e total restabelecimento.
O conhecimento que o Departamento Médico detém do atleta será um ponto a favor no diagnóstico das mazelas que afectam o atleta e na prescrição do tratamento mais adequado.
Perante dois casos clinicamente semelhantes, será de mais fácil diagnóstico e tratamento o ocorrido no atleta que já se conhece.
Quando se fala em profissionalismo, não se pense que falo em profissão ou dedicação exclusiva a essa área. Falo apenas de total aplicação dos conhecimentos que se possui em prol do total restabelecimento dos atletas.
O Departamento Médico quando não souber, não estiver à vontade e/ou não for competente para tratar uma determinada lesão ou mesmo não a consiga diagnosticar devidamente, deve recorrer a quem sabe mais.
Aquilo de que alguns atletas padecem é conhecido na gíria do Departamento Médico como tanguinite ou preguicite.
Ainda no que concerne ao conhecimento do atleta, enquanto ser humano, na sua complexidade sócio-cultural e temperamental, direi que, no meu caso particular, lidando maioritariamente com jovens de idades compreendidas entre os nove e os dezanove anos, nas colectividades com quem colaboro, tento na medida do possível oscultar as suas angústias e necessidades, tentando-lhes dar os conselhos que a Universidade da Vida me proporcionou. Na maioria dos casos, conheço os seus problemas familiares, escolares e até sentimentais. Os elementos do Departamento Médico devem ser vistos, na sua grande maioria, mais como um amigo mais velho, do que como mais “um profissional” que desempenha funções no clube.
A mútua confiança, será a base para um sucesso duradouro. Havendo confiança e cumplicidade entre o Departamento Médico e o atleta, não haverá as chamadas “tanguinites” e o gelo será aplicado na zona traumatizada e não em qualquer refresco ou copo de wisky.
Desiluda-se o Departamento Médico que despreza os factores humanos e psicológicos do atleta e desengane-se o atleta que pensa iludir o Departamento Médico, não cumprindo a prescrição indicada.
No primeiro caso, o diagnóstico estará certamente incompleto, se não mesmo errado. No segundo caso quem é enganado é o próprio atleta, além de, ser natural o retardamento da sua recuperação e o persistir de algias.
Entre o Departamento Médico e o atleta deve haver “um casamento” baseado na mútua confiança, respeito e inter-ajuda.
Sem estes factores, o “divórcio” será uma realidade que todos irão lamentar e sofrer.

Monday, January 08, 2007

A INEXISTÊNCIA DE UMA CULTURA DE SEGURANÇA

A INEXISTÊNCIA DE UMA CULTURA DE SEGURANÇA

Prevenir

Não é por adoptar todas as medidas de segurança que, os acidentes não acontecem.
A prevenção, deveria ser o ponto de partida para todas as actividades do homem. Todos os dias ao sairmos de casas, pensamos se vai chover, no que temos que fazer, etc.
Com isto estamos a prevenir, para que ao longo do dia não sejamos confrontados com surpresas desagradáveis.
No nosso dia a dia, são centenas os gestos que mecanicamente fazemos, adoptando medidas de prevenção e de segurança. O colocar do cinto de segurança, o confirmar se a porta ficou devidamente fechada, se podemos avançar num cruzamento ou rotunda em segurança, etc.
No mundo do desporto esta falta de cultura de segurança, é igualmente gritante.
A grande maioria dos atletas, não adopta, por falta de cultura de segurança ou por falta de informação, regras mínimas de segurança e de prevenção de lesões. Não são só os atletas profissionais e de alto rendimento que se devem preocupar com estes assuntos.
Partindo de um pressuposto de que um determinado atleta se encontra capacitado para a prática de uma modalidade (por exemplo o futebol), deve o mesmo antes de qualquer treino ou competição efectuar o devido e necessário aquecimento, não se limitando à simples massagem, recorrendo a bálsamos que apenas ruborizam a pele, dando uma falsa sensação de aquecimento muscular.
A própria alimentação deve ser controlada, quer na sua quantidade, qualidade, valores proteicos, hidratos de carbono, valor calórico, vitaminas, entre outros parâmetros, horas das refeições, sempre tendo em conta a modalidade praticada e a idade do atleta.
O próprio vestuário é importante não só para o bem-estar físico do atleta como na prevenção de lesões. Este deve proteger o atleta das condições climatéricas, permitindo a sudação mas, evitando episódios de hiper ou hipotermia.
Ainda no que concerne ao mundo do futebol, deveriam todos os atletas proteger a zona da articulação tibio-társica, efectuando a colocação de uma ligadura elástica compressiva de protecção a esta zona.
É do conhecimento geral que, a articulação tibio-társica é conjuntamente com o joelho (tendão rotuliano e ligamentos cruzados), umas das zonas/articulações mais massacradas e onde mais frequentemente ocorrem lesões nos futebolistas. O entorse tíbio-társico, é certamente, a lesão mais usual nos futebolistas. Mas quantos atletas têm por hábito ligar os pés. Não muitos estou em crer. A simples colocação de uma ligadura elástica compressiva, colocada na direcção contrária ao entorse mais vulgar (pé rodando “de dentro para fora”), pode evitar alguns entorses e minorar os outros.
A questão que se coloca é de que, não seria correcto os técnicos responsáveis pelas camadas mais jovens, nomeadamente nos escalões de escolas e infantis, sensibilizarem estes jovens atletas para a necessidade e utilidade de tais gestos. Assim não encontraria-mos seniores a “não se adaptarem” ao uso desta simples ligadura elástica de protecção.
Creio que esta aposta na prevenção e na cultura de segurança, deve ser incutida nos mais jovens atletas e nos seus técnicos, porque os acidentes não acontecem só aos outros.
E estarão os clubes dotados de um espaço físico destinado ao departamento médico?
A resposta será na sua grande maioria dada pela negativa.
O espaço destinado ao posto médico, é indispensável para o melhorar do funcionamento de um clube, ainda que o clube em causa seja constituído por um só escalão.
A sua área de acção não se cinge só aos tratamentos e reabilitação (principio de socorro à posteriori), mas acima de tudo como um principio preventivo no que concerne ao aparecimento de lesões.
De cada vez que este assunto “vem à baila”, logo surge o “fantasma” económico e das dificuldades em angariação de fundos. Nestes casos, o “supérfluo” posto médico é dos primeiros visados e dos primeiros (muitas vezes o único), a sofrer os cortes no orçamento, chegando muitas vezes a fechar por falta de verbas. Diz o ditado popular que “mais vale prevenir, do que remediar”. E na grande maioria dos casos, os gastos com a prevenção não são mais do que um investimento no futuro. Fica bem mais barato prevenir, do que remediar. Prevenir, dificilmente afastará um atleta dos treinos e dos jogos. Os tratamentos, na grande maioria das vezes afasta o atleta dos treinos e da competição. É de salientar, o que toda a gente sabe, mas que muitos esquecem. Antes de ser atleta, é pessoa. E a sua condição de ser humano é indubitavelmente mais importante que a sua condição de atleta. Deve sempre o Homem/Atleta ser visto na sua complexidade como um ser bio-psico, social e cultural, com a sua identidade intlectual, seus sentimentos, hábitos e valores socio-culturais e nunca nos limitar-mos à simples análise do Homem/Atleta como um ser biológico, composto de músculos, esqueleto, órgãos, tecidos, etc.
É fundamental ter-se capacidade para oscultar o atleta, para poder despistar lesões.
De vital importância é, a rígida definição de papeis, dentro do grupo de trabalho. Não existe ninguém mais importante do que o outro num grupo de trabalho. Cada um tem a sua função e a sua importância relativa. Todos, são como elos de uma corrente, trabalhando para um mesmo objectivo, não devendo por isso haver supremacia de uns em relação a outros. No caso do departamento médico, não se lhe poderá pedir, obviamente, que em cada desafio, escolha os jogadores que irão jogar de inicio. Assim não devem também, os treinadores, directores, adeptos ou árbitros, interferir com e nas decisões do departamento médico. Quem decide se o atleta está ou não em condições (em termos de saúde) para a prática da modalidade é o departamento médico. Por fim, lembrar que segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), saúde é “o completo bem estar físico, social e mental e não apenas a ausência de dor ou efermidade”.

Friday, January 05, 2007

A REALIDADE NACIONAL

É cada vez de mais vital importância, a presença de um elemento com conhecimentos na área da saúde, nos recintos desportivos, quer durante as competições, quer durante toda a época de treinos e até mesmo fora dela.
O recente desaparecimento trágico de um jovem atleta na flor da idade, ele que, era detentor de uma capacidade física acima da média, atleta de alta competição, sujeito aos mais rigorosos exames médicos, não sendo fumador, nem consumidor de bebidas alcoólicas, veio pôr o dedo numa ferida que muitos julgavam estar fechada.

A realidade

Num país com pergaminhos no desporto mundial, temos assistido nos últimos anos a um “boom” no desporto de lazer e manutenção. São jovens e menos jovens que correm nos passeios das cidades ao amanhecer e ao entardecer, são os populares ginásios, o fitness, a ginástica de manutenção, o cicloturismo, a actividades nas piscinas e um sem número de actividades que “vamos” praticando.
Muitas vezes, talvez na sua maioria, a actividade física “escolhida” tem a ver com factores como proximidade, gosto pessoal, condições sócio-económicas ou disponibilidade. Raramente a actividade física a praticar é precedida de um exame, aconselhamento e acompanhamento médico.
Os recintos desportivos são outra triste realidade. A grande maioria não possui um posto médico devidamente equipado, pessoal devidamente formado na área dos primeiros socorros e muitas vezes, nem uma simples mala de primeiros socorros. Alguns destes recintos não possuem sequer condições, para uma adequada intervenção dos meios humanos e materiais, numa cadeia organizada de socorro.
Darei como exemplo, os clubes de futebol, quer pela sua popularidade, quer pelo facto de ser talvez a modalidade mais praticada no País.
No nosso distrito, a grande maioria dos clubes de futebol, não possuem uma equipa médica.
Sabemos que o ideal, era que cada clube possuísse nos seus quadros uma equipa médica completa composta entre outros por um médico da área da medicina desportiva, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, massagistas e socorristas. Porém, o factor económico fala mais alto e é inviável a presença de uma equipa assim, na maioria das equipas do nosso distrito.
No entanto, sou de opinião, que até o mais simples clube, da mais inferior divisão distrital, deve possuir condições para a prática dos primeiros socorros e da reabilitação de simples lesões e pessoal devidamente preparado e credenciado para o efeito.
Todos os agentes desportivos, jogadores, técnicos, dirigentes e árbitros, deveriam ter uma pequena formação na área da saúde para acrescento da sus sensibilidade nesta área.
Com o mais elevado respeito e vénia por todos os agentes desportivos, direi que o erro (embora humano) é mais grave quando cometido pelos elementos de um departamento médico, uma vez que não estão em causas os resultados desportivos e/ou a viabilidade económica de uma qualquer associação ou SAD e, mesmo que a carreira do jogador não seja importante (quem o poderá afirmar?), a vida humana e a sua condição mais básica, não tem preço.
A realidade nos clubes de futebol, uma vez acabado os saudosos Centros de Medicina Desportiva, é que para cada atleta deve ser apresentada uma ficha médica atestando a condição física do atleta para a prática da modalidade. Porque é financeiramente incomportável para muitos clubes fazer e pagar estes exames médicos a cada um dos seus atletas, é convidado um médico que “assina” as fichas fazendo (fará?) um exame célere, assumindo a responsabilidade que a sua académica assinatura confere a tal documento. Em caso de acidente físico, poderá ser responsabilizado o clínico civil e criminalmente. Mas uma pergunta se impõe: Se o médico é civil e criminalmente responsável, também não o é o atleta (ou responsável no caso de menores) que irresponsavelmente coloca em risco a sua própria vida e o dirigente que dá primazia aos factores económicos em detrimento das condições de segurança e de saúde dos seus atletas?
Orgulho-me de, nos clubes onde passei (Clube Atlético de Molelos, Clube de Futebol “Os Repesenses” , Clube Cruz Maltina Lobanense e Grupo Desportivo de Canas de Santa Maria, só para falar de clubes de futebol), ter sido sempre dada bastante importância a estes factores tratando-os com o profissionalismo possível pelos dirigentes, técnicos e atletas com quem tenho privado.
Tive a felicidade de em todos os clubes ter lidado com presidentes cientes da importância dos cuidados de saúde, tendo em todos estes clubes sido feitos, durante a minha permanência, investimentos nesta área.
Em Molelos, por exemplo, além das condições físicas de que dispõe, “investiu” esta época o clube num dos mais conceituados técnicos massagistas do nosso distrito, apostando assim forte nesta área.
De elogiar também o exemplo o C.F. “Os Repesenses”, que possui orgulhosamente um dos melhores postos médicos do distrito de Viseu, dando garantias a pais, atletas, técnicos e dirigentes e sossegando os sócios ao ver aonde o seu contributo é investido. Um bom posto médico e uma equipa à altura não evita que haja lesões, mas minimiza o seu aparecimento e colabora no seu debelar.
Como diria o meu ex-professor Dr. Joseph Wilson: “Não é pelo massagista que a equipa ganha, mas é pelo massagsta que a equipa perde.”
Sempre fomos o parente pobre do futebol. Na nossa área todos dão opiniões, toda a gente sabe e muitos até afirmam ser superfula a nossa presença nos recintos desportivos, pois afirmam: “Para levar uma garrafa de água e gelo, aos jogadores, qualquer um leva. E se houver algum problema, chama-se uma ambulância!”. Nada mais errado. Mas, mais importante do que legislar (e nisso os portugueses são especialistas) e criar regras, é preciso tentar a missão impossível de mudar as mentalidades dando ao nosso povo a tão necessária cultura de segurança.
Espero não tornar a ver atletas a desesperar por falta de socorro, nem atletas indevidamente socorridos.
Sei que não é possível ter uma ambulância em cada jogo, mesmo porque a maioria dos corpos de bombeiros, não dispõe de meios humanos para o efeito. No entanto podemos tentar fazer mais e melhor.
É possível.

NOTA DE BOAS VINDAS

Saúdo todos os que, navegando nas ondas da internet visitarem o meu blog. Estou a dar os meus primeiros passos nesta tecnologia.
Com a criação deste blog, pretendo divulgar o massagismo e difundir sobretudo uma cultura de segurança.
Os primeiros textos que aqui irei publicar, serão cópias de artigos meus publicados no já extinto (infelizmente) jornal "O Derby" que se publicou na cidade de Viseu.