Tuesday, August 30, 2011

O preço da honestidade ou a verdade da mentira no mundo do futebol.


Estou ligado ao mundo do desporto, há mais de três décadas. Primeiro, como
atleta, mais tarde como colaborador em várias agremiações e há cerca de
uma década e meia como massagista desportivo.
Como massagista não me cingi exclusivamente no futebol uma vez que já
fui massagista de equipas de rugby, futsal, andebol e até de basquete.
De igual modo, não dediquei os meus parcos conhecimentos apenas aos
seniores masculinos, uma vez que já trabalhei com todos os escalões de
formação e com atletas de ambos os sexos.
Sempre me foi dito que o futebol é um mundo à parte, no entanto foi no
berço que aprendi que a palavra de um homem vale mais do que uma
assinatura e que um simples aperto de mão vale tanto como um qualquer
contrato escrito.
Em todas estas agremiações onde colaborei granjeei amizades com
atletas, dirigentes e treinadores, sem nunca ter de abdicar dos meus
princípios.
Nessas mesmas colectividades estive de corpo e alma, sendo ou não
remunerado.
Sei que a nível distrital, o departamento médico é o parente pobre do
nosso futebol. Pode-se investir mundos e fundos em atletas e técnicos e
deixa-se muitas vezes desfalcada uma área que é de vital importância
para o sucesso/insucesso de uma equipa.
Como dizia o meu antigo professor, Dr. Joseph Wilson, “não é à custa de
um bom massagista que uma equipa ganha, mas muitas vezes é por causa de
um mau massagista (ou falta dele) que uma equipa perde”.
É esta honestidade que me tem causados alguns amargos de boca ao longo
destes tempos.
Fui o melhor aluno do meu curso como posso comprovar pelo resultado do
mesmo que publico neste artigo, mas isso de nada me valeu.
Devido à minha maneira de ser, não andei, a divulgar os meus méritos
dento de certos meios. Se hoje e aqui publico cópia que prova que fui o
melhor do curso é porque outros que comigo o tiraram se vangloriam do
mesmo, dando a entender que a minha afirmação é falsa e que minto
quando o afirmo.
Mas o facto de ter sido o melhor do curso e “ter deixado” a 2ª
classificada a quase dois valores de distância, nada significam.
Neste defeso fui abordado/sondado por equipas da distrital e até do
Nacional. Quero desde já agradecer a amabilidade dessas abordagens e
como não podia deixar de ser às pessoas que indicaram o meu nome. Nesse
particular, não posso esquecer o nome de um amigo de longa data que é o
Sr. Nuno Santos, treinador com quem trabalhei em 3 clubes e onde
consegui-mos dois títulos distritais e três subidas de divisão. A ele o
meu eterno agradecimento.
Mas essas abordagens/sondagens não tiveram sucesso por situações
diversas sendo que algumas são mais do que caricatas, no mínimo
ridículas.
Por uma questão de ética (de novo é o berço a falar) e porque não
poderei provar a veracidade dos factos que vou divulgar não irei
mencionar os nomes dos intervenientes.
Situação 1 – Sou convidado pelo clube A, com a condição de que não
receber nada pelo meu trabalho, uma vez que o clube não iria pagar a
ninguém. Recusei. Mais tarde venho a ter conhecimento por intermédio de
um dos seus atletas que ele mesmo iria ser remunerado e quais os
valores que iria auferir. Alguém me mentiu neste caso.
Situação 2 – O clube B, embora interessado nos meus préstimos, só tinha
disponível uma verba irrisória para o Departamento Médico, que
dificilmente chegaria para custear o combustível que eu iria gastar em
deslocações. Optou por colocar um habilidoso (as palavras são de um
dirigente desse clube) a fazer o papel de massagista.
Situação 3 – Clube C. O meu nome era um dos propostos e aquele que
segundo me confidenciou o treinador era o que mais lhe agradava e um
dos que mais consenso reunia. Porém o convite nem me chegou a ser
feito, uma vez que o meu nome foi vetado pelo simples facto de eu já
ter colocado dois clubes em Tribunal para receber o que era meu por
direito. Estranha solidariedade entre as colectividades ou algo mais?
Situação 4 – Clube D. Reunião com um dirigente do clube onde expus as
minhas ideias, apresentei uma proposta para a remuneração e propus a
celebração de um contrato escrito de prestação de serviços. Pediram-me
para aguardar dois ou três dias para análise da proposta. Passada mais
do dobro do tempo, venho a saber por terceiros que já outro colega se
encontrava a desempenhar as suas funções e que o meu nome fora uma vez
mais vetado, apenas porque propus a celebração de um contrato por
escrito e com isto estava a desconfiar da colectividade. Na mesma linha
de pensamento sou livre de pensar que ao recusarem um compromisso
escrito é porque já estão a pensar em não o cumprir.
Segundo decorre da lei, os contratos de prestação de serviços, não têm
de ser reduzidos a escrito, no entanto esta é mais uma segurança para
AMBAS AS PARTES e não sou para o prestador de serviços.
Sei e conheço bem que no “planeta do futebol” é a mentira que reina,
quando treinadores e massagistas assinam documentos afirmando nada
receberem da colectividade, quando alguns deles recebem bem mais do que
o ordenado mínimo nacional.
Por causa do último caso que ainda corre nos corredores dos tribunais,
já gastei mais de meio milhar de euros em custas judiciais e ainda não
é mais pois quem me defende ainda não apresentou os seus honorários.
O mundo do futebol não pode ser um mundo do vale tudo. Promessas de
verbas que depois não são liquidadas, falsas declarações entregues na
Associação de Futebol de Viseu (refiro-me aqueles que afirmam nada
receber quando na realidade recebem) e a tradição de que é normal os
clubes ficarem a dever aos seus atletas.
Chamem-lhe ajudas de custo, abonos, subsídios, remunerações, ordenados,
vencimentos ou um outro qualquer nome, uma coisa é certa. Neste mundo
amador, são muitos raros os casos em que o são na verdadeira ascensão
da palavra.
Só tem medo de compromissos quem pensa não os cumprir. E por mim falo.
Já recusei certos compromissos, pois tinha a certeza de que não estaria
à altura dos mesmos. Fui honesto com quem me endereçou o convite, mas
sobretudo fui honesto comigo mesmo.
No meio de todo este impasse, recusei outros convites na ilusão de um
novo desafio.
No passado, após ter dado a minha palavra a clubes, surgiram-me
convites bem mais
agradáveis que amavelmente declinei, pois não iria voltar com a palavra
atrás.
Sei que sou uma simples gotinha de água neste oceano imenso que é o
mundo do futebol e que em cada convite por mim recusado haverá outros
que aceitem esse mesmo convite, no entanto se há coisa da qual não
abdico é da minha integridade moral. Chamem-lhe orgulho se quiserem,
mas mesmo sendo essa tal gotinha de água, como diria Gandhi “sem essa
gota de água, o oceano não seria o mesmo”

3 comments:

olho aberto said...

Aqui se vê a solidariedade e já agora aqueles que lhe ficaram a dever já pagaram.
Um abraço

Anonymous said...

Caro amigo Sr João. Por alguns dos motivos que o Sr menciona no texto não me vou identificar,Fá-lo-ei quando estiver com o Sr pessoalmente. No entanto não posso deixar de o compreender e estar mais de acordo com o Sr quando diz que no futebol é tudo "escuro".Continue com essa sua "orgulhosa" postura pois é de Homens com esse comportamento que o futebol necessita.
E não se esqueça de uma coisa: a história dos Homens é feita pelas atitudes que por eles foram ou não tomadas aquando da sua passagem por este mundo,e a do Sr irá garantidamente ser recordada,por mim e por muitos dos seus amigos,como um Homem integro,honesto,leal,amigo do seu amigo,mas acima de tudo como um ser Humano que faz falta em qualquer cantinho onde exista desporto. Um abraço

João Carlos said...

Antes de quaisquer outras palavras os meus agradecimentos a estes dois comentários.
Em relação ao amigo "olho aberto" que já tive o prazer de conhecer e a quem posso chamar de amigo, o meu abraço para um bom homem que, tal como eu (mas em circunstancias totalmente diferente), pisou solo africano nesse Pais que a ambos deixa saudades chamado Moçambique.
Em relação à divida a que se refere, após ter esgotado todas as possíbilidades (recordo-lhe que sugeri aos devedores, pagarem em 200 prestações se quisessem), nada mais me restou do que a via judicial. Neste momento o processo encontra-se na Justiça, mas à minha conta já avancei com mais de meio milhar de euros. Vou aguardar com confiança de que se faça justiça.
Quando ao anónimo amigo, o meu grande agradecimento pelas suas palavras. Sempre disse e digo que o meu adversário no desporto se chama Lesão. Na passada época (por exemplo) na fase final do campeonato de juniores fui elogiado por dois dos três adversários da equipa que representava por ter socorrido atletas seus.
Já esta época socorri atletas de um clube que mantém uma acessa e muitas vezes má rivalidade com o clube que represento.
Pelas minhas mãos passam pessoas. Não olho a credos, raças, sexos e muito menos a tendências clubisticas.
Orgulho-me de entrar de cabeça erguida em todos os clubes por onde passei, mesmo aqueles em que fui obrigado a recorrer à via judicial.
Quando ao anónimo qu