Wednesday, August 08, 2007

Doping (No reino da batota)



Não é fácil definir de forma correcta e dissipadora de dúvidas, o conceito do termo “doping”.
Segundo uns (Nova Enciclopédia Portuguesa – Edição Ediclube de 1992), doping corresponde ao uso de excitantes por parte dos atletas para proporcionar mais vigor ou para de maneira desleal ou artificialmente, aumentar o rendimento dos animais (exº cavalos de competição).
Para o Conselho da Europa, entende-se por doping: “Administração a um indivíduo são ou a utilização, por ele próprio e por qualquer meio que seja, de uma substância estranha ao organismo, substância fisiológica em quantidade ou por via anormal, com o fim único de aumentar, artificial e deslealmente, o seu rendimento, durante a participação numa competição”.
Qual a razão, pela qual é proibido o uso de substâncias dopantes, em competição?
- Porque o uso de alguns tipos de substâncias põe em risco o bem estar físico e mental dos atletas, quer a curto, médio como a longo prazo, podendo inclusive levar um atleta à MORTE ou a uma invalidez permanente.
- Por princípios éticos. O desporto, deve ser uma competição entre seres humanos, máquinas e/ou animais, em que se eleve bem alto o princípio de mente sã em corpo são. A competição é entre atletas e não entre laboratórios e/ou entre farmacologistas e engenheiros bio-químicos.
- Finalmente por questões do foro jurídico. A maioria das substâncias é de posse e uso proibidos. Apenas os médicos podem “legitimar” o uso de uma destas substâncias, justificando a sua opção e supervisionando-a.
São nove os tipos de substâncias proibidas, de acordo com a ratificação do Conselho Nacional Antidopagem (CNAD) em 27/11/2003, da lista do Conselho da Europa datada de 27/11/2003, a saber (entre parêntesis as substâncias mais conhecidas, entre outras):
a) Estimulantes (ex. anfetaminas, cocaína, efedrina, estricnica, etc.);
b) Narcóticos (heroína, metadona, morfina, etc.);
c) Canaboídes (haxixe e marijuana);
d) Agentes anabolizantes:

.1 – Esteroídes androgénicos anabolizantes exógenos (danazol, testerona, etc.);
.2 – Outros agentes anabolizantes (clembuterol, zeranol).
e) Hormonas peptídicas:
.1 – Eritropoietina (EPO);
.2 – Hormona de crescimento (hGh) e factor de crescimento insulina-like (IGF-1);
.3 – Gonadotrofina coriónica (hCG) – Proibidas apenas no sexo masculino;
.4 – Gonadotrofina hipofisárias e sintéticas (LH) – Proibidas apenas no sexo masculino;
.5 – Isulina;
.6 – Corticotrofinas;
f) Beta-2 Agonistas (alguns são permitidos por via inalatória para prevenção e/ou tratamento da asma e da asma/broncoconstrição);
g) Agentes com actividades anti-estrogénica (inibidores da aromatase, clomifeno, cidofenilo e tamoxifeno, apenas proibidos em atletas do sexo masculino);
h) Agentes mascarantes (diuréticos, desde que não autorizados, como por exemplo furosemida);
i) Glucocorticosteroídes;

Quanto à forma de dopagem, são conhecidos os seguintes métodos:
1 – Incremento do transporte de oxigénio:
a) Dopagem sanguínea: Administração de sangue rico em oxigénio, oxigenado artificialmente (quem não se lembra da vitória de Lass Viren, nos 10.000 metros dos jogos olímpicos, derrotando o “nosso” Carlos Lopes)
b) Administração de produtos visando o aumento da captação, transporte e libertação de oxigénio;
2 – Manipulação farmacológica, química e física (a mais vulgar efectuada à base de comprimidos, injectáveis, etc.);
3 – Dopagem genética: Também conhecida como dopagem celular, é definida como o uso não terapêutico de genes, elementos genéticos e/ou células que tenham capacidade para aumentarem o rendimento desportivo.

São estas, de forma reduzida, as substâncias proibidas e os métodos de dopagem.
Alguns dos medicamentos vendíveis em Portugal, contêm substâncias dopantes (entre parêntesis a substância “dopante”).
Cêgripe (codeína), Cloricidil-D (Fenilefrina), Dolviran (Codeína), Magrex (Anepramona), Migraleve (Codeína), Nazo-Calma (Efedrina), Neo-Sinefrina (Fenilefrina), Vibracil (Fenillefrina), entre centenas de outros produtos.
Um conselho: Se pratica desporto, alerte o seu médico para que ele substitua (se possível) os medicamentos que contenham substâncias dopantes, ainda que não seja sujeito a controlos anti-doping regulares.

6 comments:

Ricardo Gonçalves said...

Infelizmente existe muita hipocrisia em relação a este tema.

O desporto de alta competição em si não é saudavel.
A alimentação rigorosa, as elevadas cargas de treino e de competição, o stress pré-competitivo, isto tudo é prejudicial para a saude e no entanto não se ouve falar, nem se debate nada acerca destes temas.

Na questão do doping acho que se deveria separar entre as pessoas ditas "normais" que treinam sem um objectivo competitivo e os atletas de alta competição.

Hoje em dia, o doping está presente em todos os desportos de alta competição, cada vez mais se procura a o atleta perfeito, o atleta com mais rendimento, o "atleta-robot", por isso o doping só deixará de existir quando deixar de existir alta competição.

João Carlos said...

Caro Ricardo Gonçalves
O fenómeno do doping está também a invadir o desporto dito amador. As famosas "bombas" nos escalões amadores está aí para durar. O pior é que além de prejudicial é muitas vezes ministrada por gente sem escruplos e sem capacidades para (re)conhecer os perigos da dopagem.
Finalmente o agradecimento pelas suas visitas. Fico honrado.

Ricardo Gonçalves said...

Infelizmente é verdade, o doping nos escalões amadores existe e é ministrado por pessoas sem competencia para o fazer. Tenho conhecimento pessoal de vários casos, não em Portugal, mas no Brasil. Isso sou 100% contra.

Já no desporto de alta competição, sou a favor da criação de outras regras que possa combater a hipocrisia que existe neste momento, visto que neste momento muitas vezes o atleta que ganha é aquele que tem melhores profissionais que conseguem mascarar o uso das drogas proibidas, porque todos nós sabemos que o corpo humano não está naturalmente preparado para fazer 100 metros em menos de 10 segundos, ou fazer 20 e muitas etapas de 200km, com apenas 2 ou 3 folgas de intervalo, por muito bem que o atleta esteja preparado.

PSousa said...

Infelizmente não podemos escamultear o que é visivel a todos, sejam amadores ou profissionais, mas porque todos querem ganhar a todo custo, e acho que a nivel amador pode-se ganhar sem ir por esse caminho, já profissionalmente...

Eu sou contra o doping e ponto final...

Abraço

PSousa said...

Já agora Amigo João o seu blog passará a contar nos link's de Bancada Directa, na secção de treinadores..

Parabéns pelo blog, e um abraço...

João Carlos said...

Caro amigo PSousa
Fico muito honrado por incluir o meu blog nos seus links.
Irei fazer o mesmo em relação ao seu, caso não veja inconvenientes.
Um abraço