Tuesday, May 13, 2008

ADEUS



“Carta aberta a todos quantos contribuíram para a subida do S. C. Santar à Divisão de Honra da A. F. Viseu”

Estive presente no passado dia 27 de Abril, no meu último jogo pelo Santar. Na memória de todos ficou o jogo épico dos jogadores do Santar e uma maravilhosa moldura humana.
Foram 8 meses de muito sacrifício, de privar a família do nosso convívio e tudo se conjugou para uma alegria conjunta com a nossa subida de divisão.
Mais de um mês antes do final da época, comuniquei, primeiro ao Presidente e depois ao plantel, a minha indisponibilidade para continuar ao serviço do S. C. Santar na época 2008/09.
Aprendi, com todos aqueles com quem privei. Vi coisas que julgava não poder ver num clube de futebol. Tudo fiz para conseguir fazer o Santar campeão. Não o consegui. Fui apenas uma minúscula parte dessa grande engrenagem que é uma equipa de futebol. Pelo menos, penso que fui. Não saio magoado com o clube e muito menos com os seus dirigentes. Para o ano, não sei se estarei noutro clube ou se ficarei em casa. Não ando (como nunca andei) a bater à porta de ninguém, nem a mendigar contratos. Sou assim e quem me quiser como colaborador, terá de me aceitar como sou.
Ao longo destes 8 meses, trabalhei com o mesmo afinco, dedicação e profissionalismo com que sempre trabalhei em todos os clubes por onde passei. Tratei todos os jogadores da mesma forma, mesmo que pensem que não o fiz.
As portas de minha casa sempre estiveram abertas para os meus jogadores e continuaram as estar para todos aqueles que em mim confiarem. Não sou Santo e por isso não faço milagres. Tudo o que fiz e todas as “normas” estabelecidas, foi feito com o prévio conhecimento e aprovação da Direcção.
Foi uma época complicada em termos de lesões.
Houve 65 (sessenta e cinco!!!) “jogadores” a falharem jogos por lesão, o que dá uma média de 2,6 jogadores lesionados por jogo. Se pensarmos que o plantel do Santar foi de 21 jogadores, isto sem poder contar com as camadas jovens, dá para verificar o muito trabalho que foi efectuado pelo Departamento Médico.
Não posso deixar de salientar e enaltecer o espírito de sacrifício, querer e abnegação por parte da maioria dos jogadores, querendo ver debeladas as suas lesões.
Neste adeus, não posso deixar de os elogiar, mesmo aqueles que em mim não confiaram e aqueles que me mim não gostam. Foram vocês os maiores responsáveis pela “nossa” subida.
Não posso deixar igualmente de agradecer, o carinho e apoio dos adeptos Santarenses, muito em especial a todos aqueles que me apoiaram e incentivaram desde a primeira hora. Destes, tenho obrigatoriamente de destacar a esposa e filha do Sr. Presidente e um adepto, que não sei o nome, mas com quem tantas vezes falei, sendo a última das quais em Resende, aquando do aquecimento da nossa equipa.
Um muito bem haja a todos os directores do Santar, em especial ao Sr. Tesoureiro (também não me lembro do nome), ao Ramiro “Mirito” e aquele que talvez fosse o maior amigo do plantel: O Sr. Aires.
Ao Sr. José Luís (roupeiro), com quem tantas vezes estive em desacordo e outras tantas de acordo, que continue a ver o Santar com o bom coração que tem.
Dos jogadores:
Pio – A estampa física e a experiência, fazem dele um dos melhores guarda-redes com quem já trabalhei;
João (GR) – Tem tudo para ser dentro de um par de anos o melhor guarda-redes do distrito de Viseu;
João Lopes – Ainda hoje não consigo entender aonde aquele corpo aparentemente frágil vai buscar a força. Se se empenhar fora dos jogos da mesma forma que nestes se empenha, será mais um jogador para os campeonatos Nacionais do que para a nossa distrital;
Jorge Silva – Raça, empenho, querer, dedicação e polivalência, além de um excelente elemento para o “balneário”, fazem dele um elemento imprescindível e insubstituível para qualquer plantel;
Luís – A sua concentração e empenho nos jogos, fazem com que seja um dos mais complicados centrais a ultrapassar. No dia em que encarar os treinos da mesma forma que encara os jogos, será um jogador muito acima da média;
Marcial – Nele é de salientar não só as suas características como atleta, como as de “fazedor de balneário”;
Carlos – O professor é um jogador polivalente de enorme utilidade para qualquer treinador;
Neves – O capitão. Dedicação e empenho colocados em cada passo que dá;
Coelho – Mais um dos “azarados” do plantel e uma agradável surpresa. Faz da polivalência a sua mais forte arma;
Man – Dos melhores jogadores com quem já tive o prazer de trabalhar. Honesto como atleta e como homem. Se outra alegria não tivesse em ter trabalhado com o Santar, só o facto de ter trabalhado com o Man, faz com que me sinta orgulhoso;
Mariano – Mais um dos grandes jogadores com quem tive o prazer de trabalhar. Ele (como eu também) detesta a hipocrisia;
Tonito – Se como jogador é bom, como elemento de balneário é excelente. Auguro-lhe um excelente futuro, quer pela sua qualidade, quer pela sua honestidade;
Paulão – Um patrão e uma referência da equipa;
Tó-Jó – Quem não o conhecer e se deixar iludir pela sua fisionomia, não irá acreditar o seu empenho e abnegação dentro de campo. Autêntica “carraça” que raramente larga o adversário mesmo que raramente recorra à falta;
Marinho – Um jogador que não sabe jogar mal. O seu menos bom é muito superior a máximo de muitos jogadores. Um dos bons amigos que me ficou no plantel;
André – No dia em que se empenhar tanto fora dos jogos, como durante os mesmos, será um jogador muito acima da média;
Vítor Hugo – Um pé esquerdo com olhos;
Jorge Ribeiro – Aquele que faz da velocidade a sua forma de jogar;
Bruno – Possui um killer-instinct hoje muito raro em jogadores de futebol;
Filipe – O mais inconformado e azarado dos jogadores do plantel. Deixa a pele e os ossos em campo. Nunca o vi, cansado ou com medo. Tenho o desejo de voltar a trabalhar com um bom amigo como ele;
Luís Paulo – Após anos a um nível mais alto, mostrou toda a sua qualidade no Santar. Após o último jogo, os seus olhos espelhavam o muito coração que tem como jogador.
Mário – Atleta dedicado e empenhado, capaz de com uma pré-época ser de uma enorme utilidade para o clube onde jogar.
Por fim e porque por fim vem quem mais merece, fica o meu eterno agradecimento ao Sr. Manuel Pereira.
Foi dos melhores presidentes com quem trabalhei. Honesto, correcto e dedicadíssimo. Tivemos ao longo da época uma cumplicidade inigualável. Fui honesto, frontal e sincero com ele em todas as ocasiões. Dele sempre recebi a mesma honestidade, frontalidade e sinceridade. Comigo nunca falhou.
Muito da subida de divisão a ele se deve. Merece todos os louros que lhe forem atribuídos. Não é fácil gerir um “navio” como o S.C.Santar nos agitados mares do futebol distrital. É das poucas pessoas com quem me honraria de trabalhar em qualquer parte do mundo. A carreira do Santar nesta época é a sua imagem: Vitoriosa. A ele o meu eterno bem-haja. Caso no futuro nos voltemos a encontrar como adversários, nunca esquecerei a sua amizade. Serei apenas mais um adepto do Sporting Clube de Santar.
Obrigado.
P.S. - Só divulgarei os comentários que fizerem a esta minha crónica que estiverem devidamente identificados. Caso queiram o anonimato, o comentário será publicado sem a identificação do autor que apenas será do meu conhecimento.