Saturday, May 05, 2007

O DIREITO À INDIGNAÇÃO

“Mais vale a lágrima de uma derrota, que a vergonha de não ter lutado”

Desde o passado dia 16 de Março de 2007, que calo em meu peito, uma imensa revolta e indignação que o tempo não ajudou a minorar. Neste momento pondero abandonar o massagismo desportivo. Dificilmente tomarei outra decisão que não seja a de me separar de uma amante fogosa que se chama desporto na sua vertente da saúde.

Passado

Tenho uma ainda curta carreira como massagista desportivo (onze anos) mas, estou ligado ao desporto há mais de 3 décadas. Primeiro como atleta de rugby, depois no apoio como socorrista da Cruz Vermelha Portuguesa e desde 1996, como massagista. Nesta última função passei por quatro modalidades: Rugby, Andebol, Futebol e Futsal. Pelas minhas “mãos” passaram nestas últimas décadas, alguns dos melhores jogadores que as terras de Viriato viu nascer.
Colaborei, entre outras, com colectividades como o Rugby Clube de Tondela, a Associação de Trabalhadores da Câmara Municipal de Tondela (secção de andebol), Clube Atlético de Molelos, Clube Cruz Maltina Lobanense. Grupo Desportivo de Canas de Santa Maria, Clube de Futebol “Os Repesenses”, Associação de Futebol de Viseu e finalmente o Viseu Futsal 2001.
Com a maioria das colectividades, colaborei a título gracioso, muitas vezes com o sacrifício da minha vida profissional e pessoal. Nas duas colectividades onde permaneci mais tempo (Clube de Futebol “Os Repesenses” – 6 anos e Associação de Futebol de Viseu – 4 anos) não auferi um só cêntimo.
Nos seis anos em que colaborei com o Repesenses, coleccionei 9 títulos distritais: 2 em juniores, 2 em juvenis, 2 em iniciados, 2 em infantis e um em escolas (onde tive como atleta o meu próprio filho) e ainda colaborei na subida de divisão do G.D. Canas Stª Maria à 2ª Distrital..
Sempre pautei a minha vida por princípios como a verdade, a honestidade, a humildade, a educação e tantos outros que hoje tento incutir nos meus filhos.
Apenas fui “expulso” uma vez do terreno de jogo. No final desse jogo, o árbitro apercebendo-se do erro que havia cometido, nada escreveu no relatório, tendo-me pedido desculpa pelo sucedido que obviamente aceitei, pese embora o facto de já ninguém me desfazer o nó no “estômago”.
Recordo uma outra situação em que, apenas eu, não fui expulso do banco de suplentes. No final desse jogo, contra a vontade do “meu” treinador e delegado ao jogo que continuavam com impropérios dirigidos ao árbitro do encontro, à sua mãe e esposa, dirigi-me ao senhor árbitro felicitando-o pela arbitragem desejando-lhe as maiores felicidades para a sua carreira. Este depois de elogiar a minha postura, ofereceu-me os cartões vermelho e amarelo que havia usado nesse jogo, dizendo-me: “Já que não foi contemplado durante o jogo com nenhum cartão, ofereço-lhos agora”.
Já lá vão uns anos e ainda os guardo como se de uma relíquia se tratasse.
Quem me conhece e comigo trabalhou, sabe que sou por natureza um pacifista e um pacificador.
Outras das características de que não abdico é a da constante aprendizagem: Gasto “fortunas” na aquisição de livros técnicos de saúde, invisto em jornadas técnicas, troco conhecimentos com outros colegas e todos os dias tento investigar um pouco mais. Na clínica da qual sou sócio tento evoluir de modo a tirar rentabilidade dos meios materiais e dos materiais que tenho ao meu dispor.
Todo o meu passado desportivo, fez nascer em mim o sonho de terminar a minha carreira com um curriculum disciplinar imaculado, porém…

Dia 11 de Março de 2007 (O dia da infâmia)

No passado dia 11/03/07, todo o sonho se desfez e caiu por terra. A história conta-se em poucas linhas.
Esta época aceitei o convite que me foi endereçado para ser massagista das equipas seniores e de iniciados do Viseu Futsal 2001 (VF01). Até à citada data, tudo correu dentro da normalidade possível. Penso que cumpri a minha parte, assim como o clube cumpriu comigo.
Nesse fatídico dia, os seniores do VF01, foi disputar um jogo a Stª Maria de Lamas contra a equipa local. Num jogo “quente”, com um público ruidoso e numeroso, criando um ambiente muito favorável à equipa da casa (mas é essa a função dos adeptos). O VF01 foi punido com a expulsão de três dos seus atletas e ainda viu ser expulso o seu treinador adjunto, Sr. Prof. Hugo Espírito Santo, com o se pode facilmente constatar pela análise dos extractos aqui publicados do blog oficial do Viseu Futsal 2001 (http://viseufutsal2001.blogspot.com/) e nos sites oficiais dos clubes oponentes (http://www.viseufutsal2001.com/ e http://www.lamasfutsal.com/). Este facto é reconhecido por todos e, segundo creio pois ainda não tive oportunidade de visionar, está gravado em DVD.
Ao consultar o site da Federação Portuguesa de Futebol (http://www.fpf.pt/), para verificar qual o número de jogos que cada um dos três jogadores tinha de cumprir e saber qual a punição atribuída ao Sr. Prof. Hugo Espírito Santo, deparo com o meu nome (ver documento). Nessa hora, o meu coração quase parou e entrei em pânico. A partir daí, o que se passou, levou-me a pedir a “demissão” do clube, a fazer uma exposição para o conselho de disciplina da FPF, para o conselho de arbitragem da Ass. Futebol do Porto (de onde eram oriundos os árbitros) e directamente aos Sr Isidro Vaz e Sr. Joaquim Medeiros (árbitros do encontro), para tentar corrigir um erro e simultaneamente “limpar” o meu nome. Tudo correu mal. Prevaleceu a mentira e deixei de acreditar na honestidade dos homens no futebol. Perdi a minha ingenuidade.
Recebi e continuo a receber ao longo de todo este tempo, inúmeras mensagens de apoio, dando-me força para que continue a lutar em prol da verdade.
Apelei à razão e ao coração dos senhores árbitros. No início de Abril, recebi um agradável telefonema do Sr. Isidro Vaz (a título informativo, o árbitro que expulsou o Sr. Prof. Hugo, foi o Sr. Joaquim Medeiros), cujo teor da conversa não reproduzo por não ter autorização do meu interlocutor e ainda pelo facto de não poder fazer prova da mesma. Este telefonema fez com que eu ficasse a par de todos os factos que conduziram ao aparecimento do meu nome no comunicado do conselho de disciplina da FPF.
Agradeço ao Sr. Isidro Vaz tudo o que fez. Lamento por aquilo que deixou por fazer: Repor a verdade. Neste caso continuou-se a viver na mentira.
Muitos factos em todo este processo. Quando quem podia e devia defender-me me pede para esquecer, quando outro alguém diz que prefere o professor no banco do que o massagista, eu pergunto: Que mundo é este? É este o futebol/futsal que a nossa FPF preconiza e protagoniza? Se é, então peço desculpa pois estou a mais. Quando alguém, depois de reconhecer publicamente a minha inocência, insinua que poderia ter sido eu na realidade o expulso, que fazer?
Não é este o desporto com que sonhei, nem o que desejo. Prefiro retirar-me do que compactuar com a mentira e a hipocrisia.
Só agora, tomo posição pública sobre este assunto, pois o Campeonato Nacional da 3ª Divisão de Futsal e não queria de forma alguma ser acusado de desestabilizar a equipa. Nunca o faria por respeito aos jogadores e adeptos do VF01.

Finalmente

Por fim restam os agradecimentos, as desculpas e os lamentos.
As desculpas, aos adeptos e aos jogadores do VF01, por não ter terminado a época, tendo-a interrompido de forma tão abrupta. Espero que com este artigo me perdoem e compreendam os meus motivos. Peço ainda desculpa publicamente a todos os jogadores sem excepção, mas em especial a dois. Ao Nuno “Júlio” vindo de uma lesão e intervenção cirúrgica a fazer nesse dia o seu 1º jogo pós-operação e ao Zeca que nesse jogo se lesionou sendo socorrido pelo meu colega da equipa do Oliveirense (a quem humildemente agradeço).
Agradeço profundamente a oportunidade que me foi dada, para conhecer pessoas que o tempo não apagará da minha memória: O Sr. Carlos (carinhosamente tratado pelos jogadores como “Carluska”), os treinadores Mozart Gomes, José Augusto, Prof. Francisco Batista, Prof. Hugo Espírito Santo e Profª Paula Rego; Os atletas Celso, Geyson, Cadima, Hugo, Diego (depois campeão distrital pelo Balsa) Ferreirinha, Ciro, “Risadas”, Gaza, Rui Dias, Paulo Bastos, Emanuel, Filipe, Cristian, Welter, Padilha, Mateus, Nuno “Júlio”, Zeca, Rike e Victor Pais.
Finalmente agradeço a solidariedade do Sr. Presidente do Lamas Futsal A.D.. Grande dignidade de Homem com H grande.
O meu lamento é que em todo este processo fui vítima de um “crime” que não cometi. Fui ainda vítima da negligência (numa fase inicial) e da cobardia (já numa segunda fase) por parte de uns e da má fé, hipocrisia e quiçá premeditação por parte de outros.
Dificilmente voltarei a ser massagista desportivo. Tenho medo de voltar a pensar com mais com o coração do que com a cabeça.
Não é, nem nunca foi, o dinheiro que me move. Durante o tempo em que servi a AFViseu, segundo informações que recolhi, fui o único massagista ao serviço de uma Associação de Futebol, a custo zero. Se é verdade, não me arrependo: Orgulho-me.
Hoje digo um adeus ou, um até breve. Com todo este processo, perdi a minha inocência. Não quero embarcar às cegas. Uma coisa é certa: Jamais recusarei colaboração com os atletas que em mim confiarem e que dos meus préstimos necessitarem.
Por fim, algumas situações caricatas (algumas podem ser vistas nos documentos):
Faço um exposição à FPF. Ao longo do tempo essa exposição passa a ter o carácter de reclamação, sem que eu tenha alterado o teor da mesma;
Sou convidado a reformular o pedido dando-lhe a forma de Recurso de Revisão (pagando 14,40€) ou de Recurso de Anulação (pagando 144,00€). Caso não o fizesse no prazo de 5 dias úteis, a expediente seria arquivado;
Como, perante os factos não fiz nada, o processo foi arquivado
Assim, evitei pagar 14,40 € ou 144,00€. Em 24/04/07, informam-me que o expediente foi arquivado e que tenho de pagar de custas (ver doc.) do incidente o valor de ¼ de U.C.(???);
Em 03/05/2005 sou novamente notificado (ver doc) para pagar o valor das custas que importa a 33,44€. Já fiz seguir via CTT esse valor. Faz-me falta mas…
Quando foi publicado o comunicado da FPF (16/03/07) sou “punido” por deliberações tomadas a 12/03/07 e a 19/03/2007 (ou seja três dias apósos a colocação do comunicado na net.
Com tudo isto, além de ter perdido alguma ingenuidade, mas fique com a certeza de que não voltarei a trabalhar com certas pessoas. Obrigado a todos vós que me apoiaram e apoiarem. O vosso gesto calou bem fundo no meu coração.

João Carlos Matos do Vale
Massagista

5 comments:

Smg said...

Assim que o sr João me desabafou o acontecimento aqui descrito só me limitei a apoia-lo a ajuda-lo da melhor maneira. Realmente o que fizeram não é correcto... afinal um massagista é sempre preciso dentro de campo.É delamentar a atitude de certas pessoas que se dizem dignas do que fazem. Sinceramente se é assim " vou ali e já venho"!!!
Senhor Joao, como já tinha dito pessoalmente, fazia exactamente o mesmo numa situação destas. ;) Força! Ha equipas que precisam do seu prestigio e apoio dentro e fora das 4 linhas...

Bao said...

Realmente é uma situação muito desagradável e compreendo a sua insatisfação perante o sucedido.
Felizmente nem todas as pessoas permitiriam que isso acontecesse e é com esse pensamento que tem que encarar o sucedido, não permitindo que esse facto o derrote. Há que levantar a cabeça e continuar a fazer aquilo que gosta, pois há muita gente no futebol que ainda tem valor.
Abraço.

Educar o sonho said...

Venho desta forma prestar-lhe a minha sincera solidariedade e mais uma vez um inocente foi vitima da desorganização, do amadorinos saloio dos dirigentes do futebol. Um abraço amigo.

Anonymous said...

nao desista amigo.
akilo ke nao nos mata faz nos crescer.
tem o meu apoio.

Anonymous said...

pois a vida tem destas coisas esses senhores e q foram poucos serios o sr sabe de quem falo.espero q estaja na modadidade a desempenhar funcoes
os batateiro ficam os verdadeiros saiem um abraco