Os problemas que mais afectam o desporto amador são basicamente dois: A falta de apoio quer por parte dos “carolas” (autêntica espécie em vias de extinção) e obviamente no plano financeiro. O outro problema, por muito absurdo que possa parecer tem haver com os próprios subsídios.
As colectividades, substituem-se ao Estado, no fornecimento de bens e serviços para proporcionar aos nossos jovens a prática desportiva. Porém, como é sabido, essas mesmas colectividades lutam desesperadamente com a falta de verbas para fazer face às despesas inerentes ao fornecimento destes serviços. Aqui, entram o poder local representado nas autarquias (Câmaras Municipais e Juntas de Freguesias) e os mecenas patrocinadores (outra espécie em vias de extinção no desporto amador).
As verbas disponibilizadas pelos municípios para apoio às colectividades que promovem o desporto, faz lembrar aquela história da garrafa meia de água: Para uns, está meia cheia, para outros, meia vazia.
É sabido que quando uma autarquia atribui um subsídio de x euros para a colectividade y, logo uma parte da população diz que esse dinheiro deveria ser empregue no saneamento, no meio ambiente, num parque infantil, etc. Para a colectividade, esse subsídio mal dá muitas vezes para pagar as contas da água e da luz.
Fruto de um verdadeiro amadorismo e de um amor à camisola sem precedentes, os verdadeiros carolas, lá estão dia após dia a trabalhar em prol da sua colectividade, privando-se de uma ida ao cinema, ao teatro, da companhia da família, etc. E, o que dizem os “velhos do Restelo”, alguns até associados dessa mesma colectividade: “Só lá está, porque está a meter dinheiro ao bolso”. Quantas e quantas vezes é precisamente o inverso.
Há, infelizmente no entanto, o reverso da medalha. Dirigentes que assumem cargos apenas para se auto promover: Primeiro o clube local, depois a Junta de Freguesia (onde vai ter outra influência) e depois quem sabe um outro cargo político. Quando atinge os seus objectivos, e quando lhe lembram o seu passado de dirigente desportivo, afirma que apenas o fez em missão de sacrifício. Quantas vezes a sua passagem por estas colectividades, foi feita com uma gestão ruinosa, endividando o clube para o futuro, mas enquanto no seu reinado, tudo era festa e romaria, num autêntico show, digno dos maiores artistas da nossa praça.
Dizia-me há dias um bom amigo (Mister Fernando Lage) que, não compreende como é possível haver tão pouco apoio para as camadas jovens e para o futebol feminino.
Aqui temos de “separar as águas”. A maioria das Câmaras (para não dizer todas) apoiam financeira e materialmente as camadas jovens, porém muitas colectividades fazem canalizar esses subsídios para as camadas seniores pseudo-amadoras. Felizmente há excepções como é o caso do Clube de Futebol “Os Repesenses” (que só tem camadas jovens) e outros clubes onde há autonomia das camadas jovens em relação aos seniores.
Conheço casos em que os jovens ao invés dos seniores, não têm direito a transporte, não têm direito a equipamento para os treinos, não têm equipamento de passeio (leia-se fato de treino e anorak da colectividade), não têm direito à presença do massagista nos seus treinos e jogos, pagam para jogar, não têm direito ao almoço mas, têm direito a uma sandes e um sumo no final dos jogos porque um benemérito pai as oferece. O subsídio da autarquia vai inteiramente para os ordenados dos seniores pseudo-amadores e ainda aquele que provém das quotizações dos jovens.
Um bom exemplo de amadorismo e amor à camisola com resultados visíveis é o futebol feminino, altamente dignificado nas camisolas ouro-celeste do Escola Futebol Clube de Molelinhos. Todo o staff técnico é amador na verdadeira ascensão da palavra. De modo igual o são as jogadoras. Em mais de duas dezenas de jogos efectuados esta época, foram presenteadas com meia dúzia de almoços pagos pelos depauperados cofres da direcção. No passado houve casos de atletas de Castro Daire, sabendo que a hora marcada para a saída era às 11h00m (para um jogo às 15h00m) tiveram de “almoçar” às 09h00m. Já esta época, no seu último jogo em casa contra o Várzeas (brilhantemente vencido por 4-1), as atletas decidiram almoçar em conjunto. Para o efeito, chegaram mais cedo e elas próprias providenciaram o repasto. Pergunto se para o ano não haverá pelo menos quem patrocine uma refeição digna às atletas? Ou serão 100,00€ (20 refeições a cinco euros cada) um avultado investimento na equipa que mais alto e longe leva o nome de Molelinhos, Tondela e Viseu. Recordo que o Escola Futebol Clube, disputa e disputará (uma vez que já conseguiu a manutenção) o campeonato nacional da 1ª divisão e que têm nos seus quadros um vasto naipe de atletas já por várias vezes chamadas aos trabalhos das Selecções Nacionais, e a quem presto a minha vénia de homenagem e respeito: Neide, Chica, Barbara, Catarina Almeida, Catarina Bernardes, Tânia Almeida, Noémia e Ucha, já para não falar daquelas que estão momentaneamente afastadas como são os casos de Cristiana, Joana Pinto, Susana Marques e Ângela. Elas honram e divulgam a nossa querida Beira Alta. A nós, cabe-nos contribuir com o melhor de nós para as apoiar. Pelo menos nestas atletas podemos ver o verdadeiro “amor à camisola”. Por mim tento fazer a minha parte e, se mais não faço…
2 comments:
sem palavras...
olha ali a Neide quando jogava a avançada :P foi assim que conheci a actual GR do Escola... a jogar a avançada...
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